1. Eliminar, ao máximo, pronomes possessivos, típicos do inglês (seu, sua, meu, minha etc.), que poluem o texto (quando não são óbvios: mantinha em minha mente etc.) e não devem ser usados em português, a menos, é claro, que sejam necessários.
2. Evitar o uso do artigo indefinido (um, uma), comum no inglês. Não diga: “Ele era um pastor”; diga: “ele era pastor”. Usar o artigo apenas quando for de fato necessário para o contexto em português.
3. Não usar artigo diante do possessivo: Em vez de “Na sua casa...”, prefira “Em sua casa”; em vez de “a sua opinião se destacava...”, prefira “sua opinião se destacava...”. Use o artigo apenas quando necessário.
4. Nas comparações, não use a preposição “de”: Em vez de “esse livro é mais antigo do que aquele”, prefira “esse livro é mais antigo que aquele”.
5. Opte sempre por uma redação enxuta e clara. Evite: gerúndios, preferindo o infinitivo; “estar + gerúndio”; formas passivas, usando-as com critério; iniciar frases com “e”, “mas”, “porém”, etc., típicos do inglês.
6. Cuidado com a repetição de palavras num mesmo período e dos advérbios terminados em “mente”. Busque sinônimos ou expressões equivalentes.
7. Cuidado com ecos (“ão”, por exemplo).
8. Cuidado com o posicionamento dos advérbios, que em inglês ficam quase sempre no mesmo lugar, mas não em português.
9. Se necessário à clareza, inverta frases, junte-as ou separe-as.
10. Evite períodos longos. Pontue de modo a pausar e privilegiar o entendimento.
11. Cuidado com expressões como “tudo que”; se tiver de mantê-las, use “tudo o que”.
12. Não use “qualquer” no sentido de “nenhum”. Em vez de : “Não tinha qualquer objeção”, use “não tinha nenhuma objeção”.
13. Evitar o plural distributivo:
• Nossas vidas (a menos que a editora seja espírita).
• Nossas mentes (a menos que o revisor seja o Smigol).
• Nossos corações (a menos que se tenha passado por uma cirurgia extraordinária).
• Nossas mulheres (a menos que a poligamia seja prática corrente na legislação civil). Dê preferência para: “As mulheres do nosso país”, “As mulheres da igreja” etc.
• Vida, mente, coração são genéricos. O mesmo não acontece com “nossos olhos”, “nossos braços”, “nossos pensamentos”, “nossos pecados” etc.
14. Cuidar com o excesso de queísmo, voceísmo e gerundismo:
Você entendeu que é isso o que nós queremos que você evite e que você não cometa. Vamos estar lembrando você de que você não pode estar se esquecendo de que não deve estar empregando muito o gerundismo.
15. Evitar cacofonia • Mantenha sempre esta ordem: Adão e Eva. Nunca use “Eva e Adão” (o leitor tende a ler Évi-adão”).
• Outros exemplos: boca dela, ela tinha (neste caso, inverta a ordem: Tinha ela grande fé; ou reescreva a frase), fé demais, nunca gasta, por cada etc.
16. Não usar expressões cujo emprego, embora correto, podem desviar a atenção do leitor:
• Gozar (substitua por “desfrutar” etc.).
• Clímax (prefira “apogeu”, “auge” etc.).
• Abundar (substitua por “sobejar” ou outro termo mais apropriado).
17. Cuidar com o uso de “mente”, o eco mais comum: Ela agia repentinamente. Invariavelmente, a gatuna não media esforços de, costumeiramente, furtar objetos da igreja. Infelizmente.
18. Evitar muletas lingüísticas — Seja preciso. Busque a palavra exata para comunicar corretamente o sentido pretendido pelo autor. Como disse Adriano da Gama Kury: “A variedade traz beleza”. Vade-retro pobreza vocabular!
19. Evitar verbos genéricos — verbos como dar, dizer, estar, fazer, ser e ter devem ser substituídos por palavras mais precisas. Veja estes exemplos extraídos de Para falar e escrever melhor o português, de Adriano da Gama Kury:
• Deu muitos livros à biblioteca (substitua por doou, ofertou).
• Esse provérbio diz uma grande verdade (substitua por ensina).
• O problema está na escolha certa (substitua por reside, consiste, depende da).
• Fizeram um novo prédio sobre as ruínas (substitua por construíram, edificaram).
• A vida é luta (substitua por resume-se em, consiste em).
• Ele tem muitas fazendas (substitua por é dono de, possui).
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Um comentário:
Gostei das dicas. Obrigado por compartilhar!
Quando puder, dê uma olhada no meu novo blog de tradução:
http://www.fidusinterpres.com
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