terça-feira, 21 de agosto de 2007

Quem tem medo da Wikipédia?


Tempos atrás, as enciclopédias eram símbolos de status. Volumes encadernados com capas vistosas eram colocados na estante da sala para dar ao ambiente um ar de erudição ou, quem sabe, para contrabalançar o peso da televisão. Compradas em quase tantas prestações quanto o número de volumes, as enciclopédias eram divulgadas de porta em porta por vendedores sorridentes que prometiam acrescentar ao pacote, sem custo adicional, um atlas, um livro de receitas e um almanaque. A casa do aluno que possuía uma enciclopédia se tornava o ponto de encontro dos trabalhos em grupo. E se o feliz proprietário dos livros de pesquisa também mantivesse um estoque generoso de refrigerante, bolachas e salgadinhos, poderia garantir pelo menos meia dúzia de colegas amigáveis.

Passada a idade escolar, o profissional que dependia de materiais de referência e trabalhava em casa (escritores e tradutores, entre outros) precisava investir alto ou fazer um sem número de viagens à biblioteca mais próxima. O ritmo de trabalho era lento. Os alérgicos a pó e mofo tinham de pensar duas vezes antes de ingressar numa carreira desse tipo e correm boatos que um ou outro tradutor solitário acabou fazendo amizade com as traças que também freqüentavam os livros de consulta.

Então veio a Encarta, uma das primeiras enciclopédias digitais. Mal o povo cansou de se maravilhar com os mais de 60 mil verbetes e centenas de fotos, arquivos de som e filmes e nasceram as enciclopédias on-line.

As inovações se deram em sucessão rápida e culminaram com a maior fonte aberta de referência: a Wikipédia. Atualmente se aproximando dos milhões de verbetes, a Wikipédia impressiona, no mínimo, pela variedade de temas.

Mas será que uma enciclopédia aberta que permite a contribuição do cidadão comum é confiável? Até que ponto o tradutor pode usá-la como referência?

O site Pandia, que reúne várias ferramentas de busca em um único portal acabou de divulgar o resultado de um estudo comparativo realizado com a WIkipédia e outras cinco enciclopédias on-line. A conclusão:

As far as we can see, the Wikipedia has no serious competitor on the net as regards free encyclopedia. MSN’s Encarta is worth a try, also in its free version, but all the other online encyclopedias we have tested are not useful for serious analytical work.

If one of the major encyclopedias decides to give free access to all its information, the picture may change. This is obviously a matter of economy.

Veja a reportagem completa em http://www.pandia.com/sew/494-encyclopedias.html.

Então, como usar a Wikipédia com tranqüilidade? Eis algumas sugestões:

1. Pesquise o verbete em inglês na Wikipédia e verifique se o mesmo existe em português (ver menu do lado esquerdo da página – “In other languages”).

2. Em seguida, empregue uma ferramenta de busca para verificar o uso desse termo em outros lugares. Analise os resultados. O termo é usado em sites confiáveis?

3. Outra possibilidade é usar a Wikipédia como ponto de partida para a pesquisa. Os itens “References”, “Bibliography” e, especialmente “External Links” são, em geral, bastante úteis.

4. Quando um verbete em inglês ainda não tem tradução para o português, pode-se pesquisar em espanhol, italiano, francês e, se descuidar, até em galego. Partindo de uma aproximação românica (neolatina), é mais fácil iniciar a investigação com outra ferramenta de busca.

5. Mesmo que o verbete só exista em inglês, muitas vezes vale a pena fazer uma leitura rápida do texto em busca de termos relacionados que possam apontar o caminho para a pesquisa com outra ferramenta.

6. Por fim, a Wikipédia em inglês é bastante útil para encontrar informações sobre a cultura. Vários autores evangélicos citam nomes de celebridades, programas de televisão, obras clássicas e outros elementos culturais. A Wikipédia pode ser uma boa referência para elaborar uma “nota do tradutor” quando isso se fizer necessário.

Qual a sua dica de pesquisa? Como você usa enciclopédias e ferramentas de busca?

Um comentário:

Unknown disse...

Gosto de usar a wikipedia no trabalho, mas aprendi a não confiar nela cegamente. É preciso, de fato, ter cuidado com as traduções de nomes e expressões.