Passei a maior parte da semana entre o Natal e o Ano Novo entre quatro paredes dedicando-me a uma atividade inusitada para profissionais da área editorial: a leitura. Enquanto o sol brilhava sobre, ou melhor, estorricava os pobres turistas no litoral paranaense, descobri Nikolai Gogol, e sua obra-prima Almas Mortas.
A tradução de Tatiana Belinky parece ter captado bem as cores intensas com as quais Gogol pinta um retrato detalhado da Rússia agrária, onde o sucesso dos grandes proprietários de terra era medido pelo número de “almas”, isto é, de servos que possuíam. As descrições vão além das paisagens e costumes e dissecam a natureza humana com seus belos sonhos e virtudes, ambições ilícitas e hipocrisias.
As obras de Gogol são consideradas textos complexos que muitas vezes desafiam interpretações convencionais. Para quem não precisa se preocupar em tecer críticas literárias nem definir se Gogol foi o pai do modernismo russo ou apenas um escritor com uma vida extremamente atribulada, Almas Mortas é uma excelente maneira de fazer uma viagem por lugares exteriores e interiores nunca antes visitados.
Em matérias publicadas em vários jornais e revistas no final de dezembro, foi revelado que em 60% dos títulos publicados nessa coleção os nomes dos tradutores originais foram substituídos por nomes de fantasia ou nomes verdadeiros de outras pessoas. Em reação, tradutores estão se unindo num abaixo-assinado para que a Nova Cultural dê os devidos créditos de tradução e se retrate publicamente.
Uma postagem de Fábio M. Said na Liga da Tradução fornece os principais detalhes desse cipoal. Vale a pena ler com atenção, também, o comentário de Adail Sobral acerca da postagem em questão.
Um comentário:
prezada susana:
parabéns pelo seu lindo e sensível blog. não o conhecia, mas agora virei visitá-lo constantemente.
gostaríamos muito se vc pudesse dar sua adesão ao nosso abaixo-assinado.
um abraço
denise
dbottmann@uol.com.br
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