Alguns consideram os novos profissionais que ingressam em nossa área uma ameaça. Outros, do alto de seus zilhões de anos de experiência, não se dignam sequer a chamá-los colegas. É verdade que toda profissão tem seus amadores e picaretas. Nem por isso é sábio torcer o nariz para aqueles que estão entrando no mercado. Por outro lado, não podemos ser ingênuos. Os iniciantes sérios têm pelo menos três características e devem ser recebidos de braços abertos por três motivos:
1. Procuram realizar seu trabalho de forma ética. / Precisamos de profissionais dedicados e leais para contrabalançar o amadorismo e a concorrência suja.
2. Esforçam-se para crescer em conhecimento e competência. / Precisamos de profissionais humildes, dispostos a reconhecer suas limitações e trabalhar para superá-las e a admitir seus erros e fazer todo o possível para não repeti-los.
3. Desejam contribuir para desenvolver sua área de atuação. / Precisamos de profissionais generosos, prontos a passar adiante suas experiências e conhecimento.
Na verdade, não só devemos acolher pessoas assim, como também necessitamos, com a graça e o auxílio de Deus, nos tornar pessoas assim: dedicadas, leais, humildes e generosas.
Por mais sérios e competentes que sejamos, não vamos viver para sempre neste mundo. Podem me chamar de Poliana idealista, mas se desejamos deixar um legado relevante para as futuras gerações de tradutores e fazer alguma diferença em nossa área, precisamos acolher os recém-chegados e trabalhar lado a lado com eles, ensinando e aprendendo, ajudando-os a encontrar seu lugar no mercado.
Que Deus nos ajude a superar o orgulho e os preconceitos e correr, juntos a carreira que nos está proposta (Hb 12.1-2).
Para não ficar só no discurso...
Quem está começando agora ou está considerando seguir a carreira de tradutor, pode encontrar dicas interessantes abaixo.
Artigo do Translator's Café para quem está pensando em seguir carreira.
Tradutor Profissional, um excelente blog no qual o tradutor Danilo Nogueira responde perguntas e fala sobre a realidade da profissão no Brasil.
Dez dicas para iniciantes do site Tips for Translators, que traz mais informações.
Guia resumido para iniciantes do site finlandês FILI.
Se você já está inserido no mercado, aproveite para compartilhar suas experiências.Qual é sua dica para quem está começando agora? O que você faria de outra forma se estivesse em início de carreira? Quais os maiores desafios? Quais as recompensas?
5 comentários:
se eu estivesse começando agora, começaria do mesmo jeito que comecei: por gosto, por contribuição voluntária para revistas de cujo ideário partilho, sem pensar muito em remuneração. nisso sei que sou muito espinafrada pelos colegas, mas acho que a tal da profissionalização (aliás, inevitável) da atividade acabou forçando situações e jogando gente sem muita bagagem e um tanto "iludida" no mercado. nunca vi tanta moçada aflita para pegar serviço! e se tradução for entendida como "serviço", é um desserviço....
Sou tradutora iniciante e percebo esse "preconceito" descrito no texto. Nem tanto por parte de outros tradutores mais experientes (talvez pelo pouco contato que tenho, exatamente por ser iniciante). Mais por parte das editoras mesmo, que é onde/com quem tenho mais vontade de trabalhar. Elas parecem simplesmente não querer saber de gente nova. Mando meu currículo ( e sei que elas devem receber centenas de currículos todos os dias) e elas nem se dão ao trabalho de me responder com aquelas respostas automáticas. Teste de aptidão, então, nem pensar... Como poderão avaliar o tradutor se não desta forma? Parece que para os tradutores iniciantes as portas estão cerradas.
Minha pergunta é: como começar na profissão então? São tantas exigências (ser pessoa jurídica, ter experiência, etc), que às vezes dá até um desânimo.
Por outro lado, faço um trabalho voluntário que me dá muita satisfação. Sirvo ao corpo de Cristo e Deus tem me abençoado muito; mesmo que eu não receba nada financeiramente acredito que estou fazendo a vontade de Deus.
Abraços.
Como a Priscilla apontou, quem está começando a carreira de tradutor enfrenta desafios parecidos com os de iniciantes de várias outras áreas.
O processo de enviar currículos e aguardar uma resposta é, sem dúvida, desgastante. Às vezes, porém, o fato de uma editora não responder de imediato não significa uma recusa definitiva. Tenho observado ao longo dos anos que a noção de tempo dentro do departamento de produção de uma editora é um pouco diferente daquela dos outros departamentos e do restante dos mortais.
Fala-se em projetos com duração de meses e anos. A contratação de novos profissionais para esses projetos também é um processo lento.
Para quem está esperando um retorno, pode parecer uma eternidade e meia.
A minha resposta para sua pergunta (outros tradutores mais experientes talvez tenham sugestões diferentes)"Como começar na profissão?" é: PERSEVERAR. Não existe lei que proíba você de mandar seu currículo várias vezes para a mesma editora. Mande amostras do seu trabalho (texto original + traduzido). Às vezes, pode ser interessante ligar para a editora ou descobrir no site quem é o editor chefe, o editor assistente, so on and so forth, e enviar seu material diretamente para essas pessoas. Participar de eventos da área também pode ser uma boa idéia não apenas para "ver e ser visto", mas para entender como o mercado funciona, como o pessoal pensa.
Como a Denise comentou, o trabalho voluntário feito com gosto é um ótimo começo (é preciso cuidar, porém, para não ser alvo de exploração. Algumas organizações merecem nosso serviço voluntário, outras simplesmente não querem pagar a conta.).
Nesses momentos de espera e busca, creio que não há coisa mais importante a fazer do que orar - não para Deus nos dar logo aquilo que tanto queremos, mas para ele preparar tudo à maneira dele e conceder paciência, forças, astúcia (por que não?)e compromisso com os valores dele.
At your service,
Susana Klassen
Eu havia lido seu post ontem (6/02) e gostei muito da sua postura de boas-vindas. Também acessei os links que você disponibilizou, mas uma pergunta ainda martelava a minha cabeça: COMO começar? Eu tenho a idéia de enviar currículo para editoras, e quando li o comentário da Priscilla fiquei com o pé atrás. Hoje, 7/02, entrei no seu blog para justamente perguntar sua opinião sobre a parte prática de iniciar a carreira quando me deparei com a resposta que você publicou hoje. Era isso mesmo que eu queria saber e agradeço pela ajuda. Realmente acredito que não devemos nos ver como concorrentes, mas sim como companheiros em uma mesma jornada, pois há campo para todos e a quantidade de livros novos - traduzidos - nas prateleiras prova isso. Não só livros como filmes, documentários, séries etc. Obrigada pelo incentivo, Susana. Fique com Deus.
Susana, muito obrigada por sua resposta. Agora me sinto liberada para mandar meu currículo várias vezes. :)
Beijos.
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