quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O definitivo e o temporário

Enquanto relia alguns trechos do livro A Teologia do Século 20 (Ed. Cultura Cristã, 2003) e encontrava uma porção de defeitos no meu próprio trabalho de tradução, me deparei com uma passagem sobre Dietrich Bonhoeffer. Nascido em Breslau em 4 de fevereiro de 1906, o pastor e teólogo alemão foi morto no campo de extermínio de Flossenburg na madrugada de 9 de abril de 1945, poucos dias antes de os Aliados libertarem os prisioneiros daquele campo. Sua vida curta foi marcada não apenas pelos trabalhos acadêmicos, mas pelo anseio por ser um verdadeiro discípulo de Cristo em tempos conturbados e pelo envolvimento com a realidade ao seu redor.

Desde muito jovem, Bonhoeffer havia se interessado pela teologia. No final, porém, descobriu que havia sido chamado para outra vocação, aquela de sacrificar sua vida pela fé.

Vários aspectos de seus estudos teológicos continuam sendo relevantes nos dias de hoje. A passagem que me chamou a atenção trata especificamente do definitivo e do temporário:

Bonhoeffer combinou esses dois aspectos do discipulado cristão através do uso inspirado dos conceitos de “disciplina secreta” e seu par, a relação integral entre “definitivo” e “temporário”, sendo a segunda idéia a de mais fácil compreensão.

Para Bonhoeffer, há uma ligação íntima entre a realidade eterna e o mundo presente. Esse relacionamento significa que o cristão deve evitar os erros da completa rejeição ou completa aprovacação do mundo presente (isto é, temporário). Os cristãos devem viver como aqueles que pertencem completamente a este mundo temporário. Ao fazê-lo, entretanto, devem sempre ter em vista que Cristo é o Senhor do mundo e que o agir de Deus se manifesta na vida diária. O definitivo é que dá sentido ao temporário. Portanto, Bonhoeffer chamava os cristãos a se envolverem na vida dentro do mundo com uma visão da realidade definitiva, que é Deus e a intenção de Deus de oferecer justificação ao crente. Desse modo, a vida cristã no mundo torna-se “participação no encontro de Cristo com o mundo”, no sentido de que “em Cristo, a realidade de Deus encontra a realidade do mundo” (pg. 184).

O definitivo é que dá sentido ao temporário.


Que possamos ter essas palavras em mente ao negociar prazos de jobs, assinar contratos, tomar decisões profissionais e pessoais, sair às compras e cuidar dos nossos afazeres diários.


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