quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Mais Tatiana Belinky

Do clipping PublishNews - 27/02/2008
A escritora Tatiana Belinky estará na Livraria da Vila da Vila Madalena (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, tel. 11-3814 5811) no próximo sábado (01/03), a partir das 15h, para o lançamento do livro Limeriques da Cocanha
(Companhia das Letrinhas, 40 pp., R$ 28). No livro, ilustrado por Jean-Claude Alphen, a autora explora o imaginário sobre a Cocanha, apresentando aos leitores mirins essa terra da fantasia, inventada há séculos e desejada por muita gente. Uma terra onde não há nada melhor do que não fazer nada, povoada pela abundância, saúde e prazer. Nascida em São Pertesburgo em 1919, Tatiana foi a responsável pela primeira adaptação para a TV do Sítio do Picapau Amarelo. Informações pelo telefone 11-3814 5811.

***

Convém lembrar que, além de autora de livros infantis, Tatiana também é tradutora de obras importantes da literatura russa, como Almas Mortas de Nikolai Gogol.
Excelente oportunidade de trocar algumas palavras com uma profissional experiente da nossa área.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O esquecido ponto-e-vírgula

Quem teria a idéia de escrever sobre o ponto-e-vírgula? Neil Roberts, jornalista do New York Times, se prontificou. Redigiu um artigo curioso sobre o sinal de pontuação menos conhecido tanto no inglês quanto no português. Em Celebrating the Semicolon in a Most Unlikely Location, Roberts explica o que leva tanta gente a hesitar em usar esse sinal de pontuação.

Os dicionários Houaiss e Aurélio trazem definições semelhantes para o dito cujo: "
Sinal de pontuação (;) que indica pausa mais forte que a da vírgula e menos que a do ponto". Oh, really? Se você também continuou na mesma, confira os exemplos esclarecedores do site Gramática On-Line e bom uso do tão esquecido ponto-e-vírgula!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Cursos com Lia Wyler em São Paulo

De 10 a 15 de março Lia Wyler , tradutora da série Harry Potter, compartilhará sua experiência profissional por meio de aulas sobre Fluência em Tradução. Serão oficinas para ajudar o profissional do texto (tradutores, escritores, revisores) a redigir com clareza, naturalidade e precisão. O objetivo do curso é capacitar o aluno a responder a questões como:
1. O que é português fluente?

2. O que é concisão?

3. O que é clareza?

4. O que é tradução fluente?

Para obter todas as informações sobre os cursos visite o site da Malk Comunicação.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Happy Valentine's Day?

A meu ver, quem trabalha com a língua inglesa faz bem em manter contato com as culturas em que o idioma é falado. Daí a lembrança de que em vários países comemora-se no dia 14 de fevereiro Valentine' s Day. Traduzido com freqüência como "Dia dos Namorados" (um equivalente não muito exato, pois, pelo menos nos Estados Unidos e Canadá, a data também é comemorada entre amigos e parentes), Valentine's Day tem uma história rica que, como outras datas comemorativas, entretece cristianismo, paganismo e comércio. O periódico Christianity Today traz um artigo curto com um resumo dessa história e mostra a mudança de significado do termo Valentine ao longo dos séculos. Quem quiser saber mais pode seguir os links no final do artigo.

Não obstante as origens e o significado da data, uma forma apropriada de comemorá-la é lembrar das palavras do apóstolo João sobre o verdadeiro amor:
"Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos" (1Jo 3.16).

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Fidelidade

Há tempos estou lendo em doses homeopáticas Quase a mesma coisa – experiências de tradução (Record, 2007; trad. Eliana Aguiar), o texto instrutivo e espirituoso de Umberto Eco sobre a fidelidade na tradução.

Como fã de carteirinha dos escritos de Eco, não sou a pessoa ideal para tecer comentários muito objetivos. Deixo registrado, apenas, que a leitura é de dar gosto até para os alérgicos à teoria da tradução. Quem quiser saber mais sobre Quase a mesma coisa pode ler uma crítica extensa e pertinente no Jornal do Brasil (indicada pela Paula Góes em seu post sobre o livro na Liga dos Tradutores).

Abaixo, trechos da introdução que resumem o modo como Eco trata do tema:

O que quer dizer traduzir? A primeira e consoladora resposta gostaria de ser: dizer a mesma coisa em outra língua. Só que, em primeiro lugar, temos muitos problemas para estabelecer o que significa “dizer a mesma coisa” e não sabemos bem o que isso significa por causa daquelas operações que chamamos de paráfrase, definição, explicação, reformulação, para não falar das supostas substituições sinonímicas. Em segundo lugar, porque, diante de um texto a ser traduzido, não sabemos também que é a coisa. E, enfim, em certos casos é duvidoso até mesmo que quer dizer dizer. {...]

Eis os sentidos dos capítulos que se seguem: tentar compreender como, mesmo sabendo que nunca se diz a mesma coisa, se pode dizer quase a mesma coisa. [...]


O curso on-line Logos também trata da fidelidade em pelo menos duas unidades. Destaco alguns pontos interessantes da primeira:

Translations must be faithful. On this requirement there is a general consensus in the scientific community and among translators. On the condition that nobody should get the idea of questioning what is meant by "fidelity", of course. Because, in such a case, one would realize that the consensus is achieved by "fidelity" meaning something vague, generically positive, vaguely corresponding to "goodness". A good translation is always faithful. And a faithful translation is always good. Tout se tient. [...]

Actually, the notion of "fidelity" also traveled through centuries in the writings of people speaking about translation without tracing a reconstructable coherent guideline.
In the 17th century in France there was a wide diffusion of the so-called belles infidèles, the "free" translations. With an extended macho metaphor concerning the division of women in two parts: the beautiful ones (hence necessarily unfaithful) and the ugly ones (hence necessarily faithful), translations were catalogued in this way, too.
The "ugly ones" are considered "faithful" because they would follow the phrase and the lexical structure of the original step-by-step. The "beautiful" ones should be unfaithful because they don't, preferring to the original structure the structure best accepted in the receiving culture to the original, and to the original's lexicon a lexicon produced spontaneously.
Such a view of fidelity/infidelity, and the preference for the latter, had been endorsed already in 46 Ancient Era by Cicero in the work Libellus de optimo genere oratorum.
The most quoted and most meaningful sentence writes:

I translated as an orator, not as an interpreter of a text, with the same expressions of thought, with the same ways of rendering it, with a lexicon appropriate to our language's character. In them I have tried not to render word for word, but I maintained each character and each expressive efficiency of the very words. Because I thought not more convenient to the reader to give him, coin after coin, a word after another: rather, pay him his due in the entire sum.

From this passage it is clear that the text adaptation proposed by Cicero is closer to the sense of reading functionality than philological precision. All the more so when he states he translates "as an orator", i.e. as a person who wants himself well, and easily understood, and read, not "as an interpreter", i.e. not as a hermeneutist philologist of the original.
The notion of "faithful translation" is here considered analogous to "word-for-word translation", but neither is this over-two-thousand-years-old view is the only way to understand "fidelity".


O livro de Eco nos convida à essa reflexão acerca da fidelidade na prática diária. Seu último parágrafo propõe:

A conclamada “fidelidade” das traduções não é um critério que leva à única tradução aceitável [...] A fidelidade é, antes, a tendência a acreditar que a tradução é sempre possível se o texto fonte foi interpretado com apaixonada cumplicidade, é o empenho em identificar aquilo que, para nós, é o sentido profundo do texto e é a capacidade de negociar a cada instante a solução que nos parece mais justa.

Se consultarem qualquer dicionário, verão que entre os sinônimos de fidelidade não está a palavra exatidão. Lá estão antes lealdade, honestidade, respeito, piedade.


Qual é sua visão da fidelidade? Como você procura manter o texto traduzido fiel ao original?

sábado, 2 de fevereiro de 2008

De fraldas no templo

Removidas as bolinhas de naftalina, dada a ordem de despejo para as traças e desgrudadas as teias de aranha, eis uma versão semi-reciclada de um texto que escrevi alguns anos atrás para comemorar o dia 2 de fevereiro.

O que esse dia tem de especial?

Evangelho de Lucas, capítulo 2: Era um bebê como qualquer outro, ainda meio com cara de joelho. Quem o pegasse no colo não escaparia da curiosidade que enchia os olhinhos muito escuros e, com certeza, sentiria aquele cheiro de Danoninho que todo bebê parece ter.

Acompanhada do marido, a mãe do menino foi ao templo levar uma oferta de purificação, conforme a Lei de Moisés exigia. Os dois também aproveitaram a ocasião para apresentar a criança, pois era o primeiro filho e devia ser dedicado ao Senhor (Levítico 12, Números 3 e Deuteronômio 15.19).

Quando os pais do menino estavam oferecendo o sacrifício pela purificação, chegou um sujeito chamado Simeão. Para espanto geral, Simeão pegou o bebê no colo e disse:

“Senhor, agora eu posso morrer em paz! Pois eu o vi como o Senhor me prometeu que veria. Eu vi o Salvador que o Senhor prometeu dar ao mundo”.

Uma senhora muito idosa chamada Ana se aproximou na hora que Simeão estava falando e também começou a dar graças a Deus e dizer para todos que o Messias havia chegado.

Pois é. Lá estava ele, o Messias de fraldas.

Mas como foi que Simeão e Ana olharam para aquele pedacinho de gente – sem auréola na cabeça, sem raios de luz ao seu redor, sem coral de anjos nem efeitos especiais – e viram o Filho de Deus, o Cristo que veio ao mundo para nos salvar?

Tenho a impressão que a resposta está na descrição dessas duas pessoas.

De acordo com Lucas 2:

1) Simeão era devoto. Devoção quer dizer deixar uma porção de coisas de lado e voltar toda nossa energia e atenção para o objeto da devoção. É ter as prioridades em ordem.

2) Era cheio do Espírito Santo. Recebemos o Espírito Santo quando aceitamos Jesus como Salvador. Ponto e pronto. Mas, sem a devoção, o Espírito Santo fica soterrado debaixo de outras coisas mais “importantes”. Simeão dava espaço para o Espírito ficar bem confortável dentro dele e fazer o seu trabalho.

3) Vivia esperando o Messias. O Antigo Testamento tem uma porção de promessas sobre o Messias. Com a ajuda do Espírito, Simeão acreditava no que estava escrito na Palavra de Deus e vivia em função disso.

4) Ana adorava a Deus com orações e, muitas vezes, jejuava. Ela se admirava com o caráter de Deus e declarava seu amor profundo por ele. O jejum era sua forma de dizer para Deus que ele era mais essencial para a vida dela do que o próprio alimento.

5) Fazia plantão 24 horas por dia, 7 dias por semana no templo. Naquela época, o templo era considerado o lugar da presença de Deus. Assim, em outras palavras, Ana passava seus dias e noites na companhia de Deus. Hoje, nós que aceitamos a Cristo como Salvador somos o templo do Espírito de Deus! Quer a gente se dê conta ou não, ele está conosco o tempo todo.

Esses dois eram amigos chegados de Deus e como Jesus era “a cara do Pai”, não tiveram dificuldade em reconhecê-lo. Por isso, receberam o privilégio enorme de ver e segurar o menino e dar graças a Deus por ele.

E o que isso tudo tem a ver com o dia 2 de fevereiro?
Em algumas tradições cristãs esse dia marca o final do tempo de Epifania.
Deus se revelou ao mundo em Jesus no tempo de Maria, José, dos apóstolos, etc e tal (Epifania) e continua se revelando a nós à medida que nos relacionamos com ele. Às vezes, porém, essa revelação pode parecer insignificante, feito um bebezinho. Ana e Simeão mostram como enxergar além das aparências.

Talvez, você não concorde que o Salvador tinha cheiro de Danoninho, mas uma coisa é certa: ele sabia que não seria fácil deixarmos de lado nossas Grandes Ambições, nossos Trabalhos Importantes e Enormes Preocupações e conseguir vê-lo nas coisas pequenas, humildes, despretensiosas. Por isso, pouco antes de sua morte, orou ao Pai e pediu por você e por mim:

“Eles não fazem parte deste mundo mais do que Eu. Que o Senhor faça todos puros e santos, ensinando-lhes as suas palavras de verdade”.

“Eu revelei o Senhor a eles, e continuarei a revelar, para que o poderoso amor que o Senhor tem por mim possa estar neles, e Eu neles”. (João 17.17, 26)

Em 2008, mal acabamos de lembrar a revelação de Deus em Jesus e já é hora de começarmos a refletir sobre a Páscoa (a Quaresma começa na próxima quarta-feira).

Apesar de não ser católica romana, creio que este é um período especial e gostaria de desafiar você a escolher um dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas ou João) para ler e meditar sobre o que aconteceu entre o encontro do bebê Jesus com Ana e Simeão e o reencontro do Senhor ressurreto com o Pai no céu depois de terminar seu trabalho aqui na terra.

Que este possa ser um tempo de descobertas e aprendizado sobre nosso Salvador.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Profissionais X Internautas

A revista Língua Portuguesa traz uma reportagem sobre a tradução do último volume de Harry Potter para várias línguas. Nada de muito novo.
Interessante, porém, a comparação feita entre um trecho do texto de J. K. Rowling, a tradução do mesmo por Lia Wyler e aquela feita por um grupo de internautas. Uma boa oportunidade de apreciar as soluções encontradas por uma excelente profissional e compará-las com o resultado de um trabalho feito às pressas pela equipe de "tradutores amadores". Antes de criticar os bem-intencionados internautas, é importante não esquecer da contribuição de preparadores de texto, editores e revisores para a qualidade consideravelmente superior da tradução de Wyler.