quinta-feira, 22 de abril de 2010

Por que oramos uns pelos outros?


Como tradutor cristão, você tem o costume de orar por seus colegas de profissão? Tem contato frequente com outros tradutores que estão em busca de um relacionamento diário mais profundo com Deus? Em caso negativo, sente falta desse contato? Em caso afirmativo, que diferença ele faz em sua rotina?

Troco e-mails semanalmente com colegas cristãos da área editoral. Muitas vezes, falamos de trabalho. Em outras ocasiões, porém, falamos de coisas do coração e pedimos socorro de oração uns aos outros. Os prazos podem não encolher, o trabalho pode não render tanto quanto gostariamos, a disposição pode não se multiplicar, mas aprendemos coisas novas a respeito uns dos outros e, principalmente, a respeito do Deus a quem servimos e do qual dependemos em todas as coisas.


No texto abaixo, que preparei para os participantes do círculo de oração da nossa igreja, trato do papel da oração conjunta na comunidade dos cristãos.



Por que oramos uns pelos outros?

Por que compartilhamos pedidos com várias pessoas e até institucionalizamos essa prática na forma de correntes ou círculos de oração?

Deus é convencido por números? Quanto mais intercessores, maior a probabilidade de ele ouvir nossas petições? Quem sabe, dentre tantas pessoas, algumas são mais santas e terão mais facilidade em obter o favor de Deus... Correntes de oração constituem, então, uma forma de superstição cristã?


Consideremos dois pontos:


1. A Bíblia nos instrui a apresentar nossas petições ao Senhor e a orar uns pelos outros (cf. Gl 6.2; Fp 4.6; Tg 5.16).

2. A dinâmica do Corpo de Cristo envolve três dimensões relacionais:

  • A vertical individual, na qual cada indivíduo se relaciona com Deus e ele se revela a cada um.
  • A horizontal, na qual nos relacionamos uns com os outros e revelamos nosso ser interior uns aos outros.
  • A vertical comunitária, na qual nos relacionamos com Deus em conjunto e ele se revela a todo o Corpo.

Diante da instrução bíblica e dessas dimensões relacionais, pode-se dizer que a corrente de oração cumpre dois papéis: desenvolve a dimensão horizontal e estimula a dimensão vertical comunitária.

Quando pedimos que irmãos orem por nós, colocamos de lado nosso individualismo e orgulho e reconhecemos que fazemos parte de algo maior. Somos membros uns dos outros (Rm 12.5). Somos peregrinos que caminham juntos aqui na terra. A caminhada conjunta não é meramente conceitual e facultativa. É uma realidade a ser vivida. Daí, a instrução bíblica para orarmos uns pelos outros e levarmos as cargas uns dos outros.

Quando oramos por nossos irmãos, reconhecemos que Deus é nosso único Provedor. O alívio, conforto, satisfação e realização que a comunidade humana pode nos oferecer são reais, abençoados e abençoadores. Em função de sua própria natureza, porém, também são incompletos, imperfeitos e passageiros. Ao mesmo tempo em que aceitamos nossa dependência dos outros membros do Corpo, aprendemos a buscar a Deus juntos, pois não temos dentro de nós mesmos a substância necessária para suprir, de forma independente, as carências uns dos outros. Podemos ser canal de bênção, mas a fonte é sempre Deus.

O valor da corrente de oração não reside, portanto, no número de participantes nem no “grau de santidade” dos mesmos, mas sim, na vivência bíblica e nas dimensões relacionais que ela promove. É um instrumento de adoração e crescimento conjunto, e não um mecanismo mais eficaz do que a oração individual para obter as respostas que desejamos.


Oremos, portanto, uns pelos outros e, juntos, adoremos ao Senhor, buscando-o como nosso mais precioso bem.

“Digo ao SENHOR: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente” (Sl 16.2).


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